Há uma mulher agarrada à rede das obras a gritar. Não se percebe o que diz, mas berra como um animal em desespero. Há sacos com lixo caídos no chão. São da mulher que grita. Nas obras os homens fingem não ver. As mãos da mulher agarram a rede e abanam-na com força, a maior força que tem. De repente acalma-se e diz
Estamos próximos de nos afogar.
E eu acredito nela.
Figueira da Foz, 5 de Março
Há 15 anos