O pôr do sol é pelas oito e meia da noite. As pessoas deslocam-se como nuvens para Oia, encostam-se às paredes caiadas de branco, aos muros; sentam-se nas escadas, tiram fotografias e ficam em silêncio. O céu vai-se transformando, desafia as cores e acolhe o sol com um sentido de amor que pode ser confundido com melancolia. Quando resta uma nesga cor de fogo há um movimento colectivo: primeiro as pessoas suspiram, depois batem palmas. Dizem que há quatro mil anos que o pôr-do sol em Oia (lê-se Ia) é um espectáculo diário. Recolhendo ao interior da cidadezinha, pelas ruelas cheias de lojas de ícones, amuletos da sorte, sabonetes de azeite e outras coisas mais turísticas, há uma quebra de luz e o céu, o céu imenso das estrelas, abre-se nas nossas cabeças e chama-nos a atenção. A electricidade deu cabo do resto: depois do pôr do sol, as estrelas brilham como nunca e esse é, desconfio, o verdadeiro espectáculo.