domingo, 17 de agosto de 2008

lá no fim do mundo


Longe daqui, no fim de um mundo qualquer, numa terra do nunca, os miúdos reuniram-se para ver o eclipse. Tinham acabado de chegar ao campo. As mochilas carregadas com sacos cama, colchonetes, cantis, livros, roupa, pacotes de bolachas. Às sete e vinte e seis em ponto estavam no meio do campo, isolados, sem nenhum vestígio de cidade, todos eles com o pescoço em esforço, encarando o céu. Nos próximos dez dias será assim: lavarão pratos com terra e na água do rio, cantarão debaixo das estrelas e darão imensas gargalhadas. Não pensarão nos confortos de casa, na televisão, no computador, no telemóvel. Enfim, talvez no telemóvel.
Dez dias sem falar para casa é estranho. Eu, aqui em casa, sinto o silêncio que vem com a falta do meu miúdo. Salva-me a imaginação. Consigo vê-lo daqui e fico feliz por estar feliz. Depois vem a saudade. E o miúdo mais novo, que ainda não embarcou na aventura do Mocamfe, explica:

- Só se tem saudades de quem se gosta.

É verdade.

(Para quem não sabe o que é o Mocamfe, por favor informe-se, faça pesquisa na internet e descubra como um campo de férias pode ser uma forma maravilhosa de estar em contacto com a natureza, promovendo-se valores humanistas e de constante partilha com o outro. De consumismo, individualismo e outros ismos estáo mundo cheio)