pra se viver do amor
há que esquecer o amor
há que se amar
sem amar
sem prazer
e com despertador
como um funcionário
há que penar no amor
pra se ganhar no amor
há que apanhar
e sangrar
e suar
como um trabalhador
ali, o amor
jamais foi um sonho
o amor, eu bem sei
já provei
e é um veneno medonho
é por isso que se há de entender
que o amor não é um ócio
e compreender
que o amor não é um vício
o amor é sacrifício
o amor é sacerdócio
amar
e iluminar a dor
como um missionário
(canção de Chico Buarque para Ópera do Malandro, 1978)
Figueira da Foz, 5 de Março
Há 15 anos