sábado, 3 de janeiro de 2009

Carta de Mãe (Alentejana)...

Mê querido filho,
Ponho-te estas poucas linhas para saberes que estou
viva. Escrevo devagar por que sei que não gostas de ler depressa.

Se receberes esta carta, é porque chegou. Se ela não chegar, avisa-me que
eu mando-te outra.

Tê pai leu no jornal que a maioria dos acidentes ocorrem a 1km de casa.
Assim, mudámo-nos para mais longe.

Sobre o casaco que querias, o tê tio disse que seria muito caro mandar-to
pelo correio por causa dos botões de ferro que pesam muito.
Assim arranquei os botões e puse-os no bolso. Quando chegar aí, prega-os de
novo.

No outro dia, houve uma explosão na botija de gás aqui na cozinha. O pai
e eu fomos atirados pelo ar e saímos fora de casa. Que emoção: foi a
primeira vez em muitos anos que o tê pai e eu saímos juntos.

Sobre o nosso cão, o Joli, anteontem foi atropelado e tiveram de lhe
cortar o rabo, por isso toma cuidado quando atravessares a rua.

Na semana passada, o médico veio visitar-me e colocou na minha boca um
tubo de vidro. Disse para ficar com ele por duas horas sem falar. O teu
pai ofereceu-se para comprar o tubo.

Tua irmã Maria vai ser mãe, mas ainda não sabemos se é menino ou menina,
portanto não sei se vais ser tio ou tia.

O teu irmão António deu-me muito trabalho hoje. Fechou o carro e deixou
as chaves lá dentro. Tive que ir a casa, pegar a suplente para a abrir.
Por sorte, cheguei antes de começar a chuva, pois a capota estava em
baixo.

Se vires a Dona Esmeralda, diz-lhe que mando lembranças. Se não a vires,
não digas nada.

Tua Mãe Marta

PS: Era para te mandar os 100 euros que me pediste, mas quando me lembrei
já tinha fechado o envelope.

(esta carta/anedota foi-me enviada pelo meu pai e deve andar por aí a circular na net)