terça-feira, 17 de junho de 2008

ao telefone

Cinquenta entrevistas ao telefone.
Novo projecto.
Uma correria.
Na casa de banho passo água na cara.
Transpiro.
Oiço cada palavra repetida:

- Então...

Cada expressão feita:

- É assim...

Cada maneirismo:

- Está a ver o que eu digo?

Estas expressões agridem-me ao fim do dia.
Acumulo cansaço.
Pergunto a mesma coisa várias vezes.
Por vezes surpreendo-me.
Há histórias que apetecem.
Há tons de voz que exasperam.
Mais um projecto.
Tudo feito ao telefone.
E o planeta a rodar, a rodar devagarinho.