Cinquenta entrevistas ao telefone.
Novo projecto.
Uma correria.
Na casa de banho passo água na cara.
Transpiro.
Oiço cada palavra repetida:
- Então...
Cada expressão feita:
- É assim...
Cada maneirismo:
- Está a ver o que eu digo?
Estas expressões agridem-me ao fim do dia.
Acumulo cansaço.
Pergunto a mesma coisa várias vezes.
Por vezes surpreendo-me.
Há histórias que apetecem.
Há tons de voz que exasperam.
Mais um projecto.
Tudo feito ao telefone.
E o planeta a rodar, a rodar devagarinho.
Figueira da Foz, 5 de Março
Há 15 anos