Se crescer é difícil, enfrentar gente antipática e sisuda com propostas ilegais, como naquele encontro na Versailles há uns dias, crescer também se nota na banalidade da compra de um vestido comprido.
- Quanto é, é. Não se sonha com as Berlengas, sonha-se com a Polinésia.
Por isso, vi um grande amigo almoçar (o meu dente ainda a fazer resistência) na Brasserie Flou, desci a avenida da Liberdade e entrei na Carolina Herrera.
Se eu tivesse crescido convenientemente, enfrentado os meus problemas reais de mãe de família (a praia com a escola para pagar, o dentista, o subsídio de férias da empregada, o campo de férias do Sebastião, o aparelho dos dentes do Micas...) teria resistido, mas a verdade é que não passo de uma criança: o vestido é leve, a seda da cor de prata, o corte perfeito e, hélas, feito para mim, para mim, só para mim.
Abençoados os saldos, apesar de tudo.
Figueira da Foz, 5 de Março
Há 15 anos