O médico era um homem do mundo, culto, de bom gosto, melómano. Tudo isto se tornava evidente no primeiro contacto, a mão dele a deslocar-se na direcção do outro. Sorria ligeiramente. Um sorriso reconfortante. Tudo no médico gritava: confie em mim; deixe-me ajudá-lo. Esta sensação durou meio minuto. Ou menos. Chovia muito lá fora e Lisboa estava de um cinzento perturbador. Ela disse:
- Não chovia assim há vinte anos.
O médico replicou:
- Pelo menos... há vinte anos.
Foi a primeira consulta.
Figueira da Foz, 5 de Março
Há 15 anos
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