sexta-feira, 28 de novembro de 2008

então tu morrias

Então tu morrias e eu comprava um tecido vermelho pêssego para cobrir o sofá e afastar essa impressão do teu corpo. Seria uma libertação. Não penso nisso, sabes. A tua morte não me estimula a imaginação. São os espaços que me levam a estes pensamentos. Saber que enquanto estás, há coisas que não farei. Não por seres castrador, repara, apenas por ser incapaz de to propor. Prefiro o silêncio. Contigo é sempre melhor. Não penses que tenho medo de ti e da tua força, quando bates já esgotado pelo álcool, nem és muito eficaz. O meu corpo está tão habituado à força da tua mão que não a sente. É a minha maior vingança, se queres saber. O desprezo do meu corpo face ao peso da tua mão. E depois a fantasia de saber que, um dia, terei um sofá vermelho.