domingo, 30 de novembro de 2008

bastidores

Entrámos pela rampa e chovia sem dó. Os miúdos apressados por espreitar tudo. Atrás do palco, em cima de cabos, junto a caixas indefinidas, viram os músicos subir as escadas e depois Carlos do Carmo chegou com a Judite. Os miúdos permaneceram em silêncio, respeitosos. Fugimos pela lateral, com os passes ao peito, e percorremos o pavilhão. O objectivo era encontrar um bom lugar. Aterrámos ao pé da regie, confiantes que os nossos passes seriam armas contra quem nos enxotasse. Ninguém o fez. Ouvimos o Carlos, a Carminho, o Camané, a Mariza, a Maria Belisarte, a Sinfonieta, o Bernardo Sassetti. Ouvimos o Homem na Cidade, o Carlos sentado com o neto Sebastião à viola. Duas horas e vinte de espectáculo. Vinte minutos antes do fim, o mais miúdo disse: Não aguento mais.
E dormiu no meu colo, indiferente às palmas, às canções.
No fim, regressámos aos bastidores e os miúdos, sinceros, disseram ao Carlos que não gostam de fado, mas que gostam dele.