quinta-feira, 10 de julho de 2008

um dois ou três

...poesia esgota o nosso potencial de tristeza, disse a rapariga à mesa do café, na esplanada. Numa hora daquelas, quase seis da tarde, talvez fosse de esperar que a conversa fosse outra. A rapariga tinha um ar estrangeiro, cabelos demasiado loiros, olhos verdes. Tudo isso engana, eu sei, mas mesmo assim...
Contei - um, dois, três - e o rapaz, como seria de esperar, espalhou-se dizendo que a poesia não lhe interessava por ser, enfim, demasiado complicada. A rapariga colocou os óculos escuros, desnecessários.
Afastei-me depois de ter terminado o gelado de limão. O meu marido não ouviu a conversa, não percebeu e, por isso, continuou a organizar o seu dia em voz alta, como é seu hábito.