terça-feira, 10 de março de 2009

do avesso

Estava escondido no silêncio da casa, barricado. Indiferente aos dias que faltam para a primavera, cheio de ideias ao avesso das que podem ser consideradas por alguém como normais. O próprio conceito, normal, tinha demonstrado recentemente que não se adaptava a ele e que, por isso só, seria marginalizado. O respeito que considerava adquirido perdeu-se como uma cheia de rio imprevista. Assim, ficou na casa, escondido, sem fazer barulho. A tentar não pensar. O avesso de tudo isso seria a vida em pleno, uma montanha russa de miudezas que cansam e pouco mais. Pensou nas pessoas que ama, as poucas que lhe são próximas, as que se mataram simbolicamente da sua vida por não serem capazes de ouvir nada ou ninguém. A casa transformou-se num deserto grande e largo. Teve, por instantes, medo e depois pena. Ficou nesse caldo o resto da manhã. À tarde faria, então, um esforço.