O editor compreende-nos.
O revisor questiona-nos.
O editor sabe que temos um estilo, que odiamos advérbios de modo, pontos de exclamação e aspas.
O revisor acha que os textos devem levar advérbios de modo, pontos de exclamação em excesso e aspas ou itálico a propósito de tudo.
O editor acarinha-nos, mima-nos e orienta-nos. Faz sugestões com bondade, mesmo quando escreve: tira isto, não precisas.
O revisor usa caneta vermelha.
O editor usa um lápis de carvão ou, no limite, uma caneta azul de ponta fina que se confunde com o texto.
O revisor sabe coisas.
O editor filosofa connosco e aceita a metafísica com generosidade.
O revisor gostaria de ser escritor.
O editor já é uma forma de se ser escritor.
O revisor encara o nosso original como mais um documento.
O editor vive a nossa história, adopta os nossas personagens, sofre connosco.
Dito isto: viva aos editores, abaixo os revisores.
Ressalva: há bons revisores que nos salvam - a nós e aos editores - de pequenas maleitas da língua, a esses/as peço desculpa pelo desabafo e agora vou usar um ponto de exclamação porque sei que tenho um editor que vai sorrir com isso!
Figueira da Foz, 5 de Março
Há 15 anos