terça-feira, 5 de agosto de 2008

por escrito

O homem afastou os cabelos com a mão, uma mão pequena, delicada, quase feminina. Não tinha nada para fazer. Com regularidade verificava o telemóvel. Olhava para as pessoas na recepção do hospital. Afastava de novo os cabelos. Havia um índice de ansiedade de tal ordem elevado que era quase constrangedor: sentado na cadeira o homem fazia uma maratona, estava em esforço, todo ele exposto. Por fim, o telemóvel deu um sinal, um pequeno apito, e o homem disponibilizou-se de imediato a ler. Sorriu e começou a teclar furiosamente. Fosse o que fosse, naquele momento, por escrito, alguém tinha terminado com o dia miserável daquele homem sentado na sala de espera do hospital. Às vezes basta uma palavra ou, melhor, a abreviatura de uma palavra como bj ou algo assim.