terça-feira, 22 de abril de 2008

ir à pesca

Livros franceses, ingleses, alemães, livros para crianças, livros sobre sexo, dicionário e poesia. Nos corredores da editora os livros crescem e eu ando de gatas a ver o que pesco, como alguém com fome nos caixotes da cidade.
Não me lembro de não os ter: os livros. Formatos diferentes, capas sóbrias, coloridas. Tudo se despe nos livros. O nosso melhor, a nossa maldade. Ter um livro é viajar, dizia o meu tio avô. E agora, deslumbrada pelo corredor recheado de livros sinto tanta falta desse tio guardião, da sua gentileza teimosa, as mãos grandes a guardar um livro para mais tarde, a guardar a madrugada, os meus sonhos de menina. Ele tinha uma unha partida que fazia uma ruga e eu tinha, então, o fascínio extremo por aquele dedo que passava as folhas dos livros enquanto me lia em voz alta ou, em silêncio, para si, viajava naquela história. Mais uma história.

Nenhum comentário: