quarta-feira, 5 de março de 2008

a mãe

Sentiu o coração acelerado e depois a transferência da pulsação para o pescoço. Olhou a criança outra vez e gritou:

- Quantas vezes é que já te disse?

- Desculpa.

_ Não quero as tuas desculpas.

A mãe afastou-se, cada vez mais consciente do ritmo cardíaco. Todas as semanas havia pelo menos duas cenas semelhantes e que acabavam invariavelmente do mesmo modo.

- Desculpa.

- Não quero as tuas desculpas.

Dias mais tarde, no consultório do psiquiatra, a mesma mãe dirá repetidas vezes:

- O mais difícil é ver um filho fazer o mesmo caminho que nós. Dói muito.

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